quinta-feira, 13 de janeiro de 2011


distância, porque existes tu? tu que me partes o coração a todos os segundos. tiras uma enorme parte de mim e em troca deixas um rasto de destruição assustador. caminhas de mão dada comigo, e a cada passo, eu sinto-me a desfalecer. não sou inteira, sou um simples resto de nada. desfeita num pó que, com a ajuda do vento, baila ao som de uma melodia suave mas ao mesmo tempo profundamente dolorosa, arrastando consigo uma saudade avassaladora.
e tu saudade, porque fazes tu sangrar este meu sofredor coração até à morte? ou quase. deste-me a provar esse teu amargo sabor e deixaste-me dependente. de tal maneira dependente que já não consigo viver sem o veneno que me dás e que me percorre nas veias, enquanto que eu faço dele uma anestesia para aguentar a dor que injustamente me causas.
tu.. oh minha cruel dor, porque preenches tu todo o meu eu? desencadeias dentro de mim reacções violentas e descontroladas, fazendo com que o meu corpo emane monóxido de sofrimento por todos os poros. um produto que nasce não sei onde mas que me corrói por dentro e me mata por fora, aos poucos.
vestida com um longo manto preto - és tu morte. tu que insistes em aparecer diante dos meus olhos, mas porquê? para quê? carregas-me no colo pela escuridão da noite, e levas-me para o além, onde acorrentas as minhas memórias que acabam perdidas no tempo. trazes-me de volta, mas não sou mais do que uma alma esquecida no interior de um corpo sem sentidos. agora, finalmente, sem dor.