segunda-feira, 15 de novembro de 2010

alerta: furacão


acordei e quase não me aguentava em pé. os meus batimentos cardíacos aproximavam-se dos mil por minuto e o coração quase me saltava pela boca. os meus olhos pareciam estar em sintonia com o resto deste meu corpo moribundo, quase que não aguentavam abertos. talvez quisessem fechar-se eternamente ou, quem sabe, tirar-me deste mundo catastrófico.
à medida que o dia passava, sentia-me cada vez mais sufocada por uma corda invísivel mas profundamente dolorosa. talvez o dia de hoje marcasse algum momento importante na minha vida, talvez. corri para o escritório e passei os olhos pelo calendário. dia 15 de novembro de 1999. exactamente 10 anos depois do pior furacão de que há memória. arrasou com tudo: matou milhares de pessoas, famílias inteiras; devastou florestas; demoliu casas e edíficios; e foi tudo tão rápido, tudo demasiado rápido: 10 minutos, nem tanto. mas foi o tempo suficiente para deixar um enorme rasto de destruição.
o fenómeno estava prestes a repetir-se, tudo à minha volta o anunciava. uma grande catástrofe iria pairar sobre a minha cabeça. ninguém iria senti-lo, ninguém senão eu. mas talvez eu também não ficasse cá para contar. logo ninguém saberia, não apareceria nas televisões de todo o mundo nem seria notícia de rádio.
é então que os 10 minutos se resumem em apenas 10 segundos. desta vez 10 segundos é tudo o que basta para que tudo acabe, sem dó nem piedade, para que reste um rasto de destruição ainda maior. e este sim, para mim passará a ser o pior furacão da história do universo.
começa a tempestade, caio no chão desamparada e grito desenfreadamente "alerta: furacão. furacão ao qual dão o nome de amor. socorro, tirem-me daqui." e ao passar por mim, destrói-me completamente. em 10 segundos. e ninguém nota, ninguém dá conta. eu fico ali estática, talvez tenha morrido, talvez não.

"para nos lembrar que o amor é uma doença, quando nele julgamos ver a nossa cura."

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