domingo, 14 de novembro de 2010

letter to someone that broke my heart


olá meu passado-mais-que-longínquo.
mas porque é que ainda te escrevo? sei que desprezas todas as minhas linhas, rasgas todas as minhas cartas em pedacinhos quase microscópicos, separas as letras de cada palavra, misturas e lanças tudo ao vento.
e tu? porque é que ainda insistes em percorrer o meu ser? comandas todos os átomos do meu pensamento e apareces diante dos meus olhos entre memórias passadas, memórias há muito enterradas e que tu queres a todo o custo trazer de volta à superfície do meu sofredor coração. fazes a tua voz ecoar nos meus ouvidos horas a fio, sem permitir que me esqueça de ti por um segundo que seja. agitas o meu coração, provocas um motim entre os meus glóbulos brancos e os vermelhos -uns amam-te e querem a tua presença, outros rezam para que o destino te leve para longe de mim- e fazes renascer as lágrimas que percorreram o meu rosto durante tanto tempo.
como podes continuar a provocar-me este cruel sofrimento? não te chega o que fizeste? eu vivia de ti. eras o ar -puro- que eu respirava, eras a luz que iluminava o meu pensamento, o meu abrigo em dias de tempestade, o meu farol quando eu andava perdida no meio do mar, a minha força quando a única coisa que eu queria era desaparecer. e subitamente, vi-me no mundo sozinha. os pilares que me sustentavam tinham caído, a corda que me segurava rompera-se, a mão que me agarrava desaparecera e a minha queda -naquele buraco de que eu tanto medo tinha- era inevitável.
e agora, passado tanto tempo continuas a assombrar-me. tens medo, não é? medo que eu venha a gostar mais de alguém do que algum dia gostei de ti. mas não tens o direito de me fazer isto. foste embora de livre e espontanea vontade, e agora não me deixas seguir com a minha vida? deixa-me partir, por favor. deixa-me viver aquilo que perdi por tua causa, deixa-me ser feliz com alguém, amar e ser amada. liberta o meu coração e todo o meu eu. deixa-me mandar-te para um canto escuro do meu coração e um dia mais tarde recordar-te. ou então, vou ter de te expulsar de mim e aí, passarás a ser um zero para mim, e um zero é sempre um zero.

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